José Geraldo Mendonça*
O local apropriado para montar esse projeto é sem dúvida nenhuma aquelas áreas debaixo da rede de alta tensão da Cemig, que atravessa a cidade. O terreno ali é apropriado para cultivo de hortaliças e leguminosas.
Eu ouvi os proprietários das casas que ficam em frente aquelas áreas. A maioria gostou muito da idéia. Entretanto existem aqueles que são sempre contra. Alegam até medo das pessoas que irão trabalhar ali. Não tem cabimento uma coisa dessas. As pessoas que irão trabalhar ali serão pessoas carentes, mas isso não significa que serão pessoas desonestas. Isso é a falta de cidadania e responsabilidade social. A área que for usada para fazer o plantio de hortaliças com essas pessoas será toda cercada com tela e postes de cimento. A tela será presa em baixo de alicerce de concreto. Só existirá uma entrada de acesso para aquela área. Essa entrada terá um portão de 4 metros para a entrada de caminhões carregados de adubo orgânico, descarregarem ali.
Deverá ter uma área reservada para depósito de adubos orgânicos. Todo movimento de pessoal da área será por esse portão.
A área onde deverá começar com a implantação desta Horta Comunitária deverá ser aquele quarteirão que fica em frente às instalações da Polícia Rodoviária. O portão que fará o movimento da área deverá ficar em frete essas instalações da PM.
A prefeitura deverá fazer o loteamento da área dividindo-a em lotes de mais ou menos 1000 m2.
O loteamento deverá ter uma rua que dividirá aquela área em duas partes iguais. Essa rua deverá ligar com o portão, e servir de acesso a todos os lotes.
A área só terá uma ligação de água na rede da Copasa.
Essa ligação deverá ser junto ao portão, e se transformará em uma rede que deverá percorrer toda a rua, de onde sairão as ligações para todas as caixas de água que deverão ser instaladas no centro de cada lote. A caixa de água deverá ser uma manilha de cimento Zero 100. Toda caixa deverá ter um bóia para controlar a entrada de água e evitar desperdício. Toda caixa deverá ter uma tampa, um quadro de madeira coberto com tela fina para evitar a proliferação dos mosquitos da dengue. Feito o loteamento da área, e montado a planta, conhecido o número de lotes, deverá se dar o inicio a seleção das famílias que irão trabalhar no projeto. Então será feito o sorteio dos lotes entre as famílias escolhidas. Não será permitido que uma família selecionada e sorteada com seu lote garantido dentro da área, que ela venda o lote para outra pessoa cultivá-lo. Se isso ocorrer aquela família deverá ser afastada do projeto e o lote será ocupado por outra família escolhida pela direção do projeto.
A única construção permitida na área será uma cobertura rústica feita com madeira redonda de eucalipto tratado coberto de lona.
Essa construção não poderá ter nenhuma de suas paredes fechada, será apenas uma cobertura para os horticultores se abrigarem das chuvas.
Não será permitido a construção de ranchos ou outros similares dentro da área. A proteção das plantas só será permitida aquele tipo de túnel, cobertura individual de cada canteiro baixinho, com arco de arame grosso.
Para proteger as suas ferramentas, cada horticultor deverá receber uma caixa de madeira fornida de 2,20 X 40 X 50, que deverá ficar em cima de dois blocos de cimento 0,20.
Cada lote deverá ser demarcado com uma estaca de concreto em cada um dos seus quatro cantos. Entre os lotes deverá ser esticado um fio de arame liso para evitar contendas futuras entre os horticultores. Essas normas aqui relacionadas são com base na negociação feita por mim, quando foi feito a primeira tentativa de montagem deste projeto no governo de nosso saudoso Marão. Eu fui a BH credenciado por ele para negociar com Dr. Ruy Lage da Copasa e Sr Geraldo Santana da Cemig. O Dr. Ruy Lage garantiu água de graça para os horticultores desde que se respeitassem as normas. O horticultor só poderá molhar as suas plantas com regadores, aquele que usar mangueira para molhá-las, terá a sua entrada deágua cortada. Ele então terá que fazer uma entrada padrão, e pagará pela água usada.
Já o Sr. Geraldo Santana ficou muito entusiasmado com a idéia do projeto e até telefonou para o Marão na minha presença cumprimentando-o pela iniciativa. Porque o projeto protegerá aquelas áreas, assim no período das secas as torres não irão correr mais nenhum risco por causa dos fogos que grassam ali.
Naquela época a implementação deste projeto de hortas comunitárias não foi possível porque ficaria muito caro para que a prefeitura arcasse com tudo sozinha.
Mas hoje tudo mudou, já existe financiamento do Governo Federal: “ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome”, para financiar totalmente um projeto desse em todo o território nacional.
Hoje já existe até uma lei que permite usar áreas urbanas com o fim agricultável, e a lei de agricultura urbana do Deputado Padre João PT.
Pra se ter uma idéia do que será preciso para montar um projeto desse cada horticultor receberá:
I-Um carrinho de mão, todo de ferro.
II-Um enxadão estreito.
III-Uma chibanca
IV-Uma pá bico redondo
V-Uma enxada média
VI-Um ancinho
VII-Dois regadores de plástico
VIII-Dois baldes de plástico de 10 litros
IX-Seis bandejas de isopor com furos para fazer as semeaduras das plantas
X-Uma peneira grossa
XI-Uma capa impermeável de chuva
XII-Uma caixa de madeira fornida de 2,20 X 40 X 50, ferrada com três cintas de ferro chato 2” X 1/8, com duas dobradiças fornidas de ferro e um suporte de cadeado de ferro tudo muito bem parafusado na caixa com parafusos de ¼ com porcas.
XIII-Um cadeado fornido, médio do tipo chave (IALE) com duas chaves.
XIV-Um pedaço de plástico para cobrir a caixa de ferramentas e protege-la das chuvas.
XV-Um metro de corrente de elos grandes e ferro redondo de ¼” para prender o carrinho no cadeado da caixa.
Cada família escolhida para trabalhar no sistema de Hortas Comunitárias deverá receber um salário mínimo por mês durante seis meses que é o período que as hortaliças estarão prontas para serem comercializadas.
A prefeitura será responsável ainda pelo fornecimento de todo adubo orgânico que será usado nas hortas pelos horticultores.
A prefeitura deverá ter ainda um caminhão para proporcionar o transporte dos horticultores com suas mercadorias para os pontos de venda.
A prefeitura deverá criar feira livre em pontos estratégicos localizados na cidade.
O salário que cada horticultor deverá receberá, será do FAT.
A prefeitura deverá construir o passeio em volta desta área a ser usada no projeto Hortas Comunitárias.
Quando a tentativa de implementação desse projeto no governo de Marão, eu fui encarregado de negociar com a Concreta. E o seu diretor na época, o Sr. Paulo Almeida, se comprometeu em fornecer o concreto gratuitamente para a prefeitura fazer os serviços de construção dos passeios. Hoje o Sr. Paulo Almeida já é falecido.
Naquela oportunidade o prefeito mandou que seu pessoal levantasse o tamanho da área a ser aproveitada pelo mesmo. O seu pessoal encontrou 24 alqueires (120 hectares), em toda a extensão da rede de alta tensão da Cemig, que atravessa a cidade.
Entretanto o aconselhável é começar de forma bem pequena, com um número entre 20 e 50 horticultores no primeiro ano. Depois com a experiência conseguida nesse primeiro projeto, expandir para outras áreas.
A prefeitura deverá contratar ainda um técnico agrícola para gerenciar o projeto. Esse técnico agrícola deverá permanecer todo o período de serviço, 6 horas por dia no local das hortas.
As sementes adquiridas com a verba federal para ser distribuída entre os horticultores, que virão em grandes embalagens, deverão ser divididas em embalagens de 30 gramas, para facilitar a distribuição entre os horticultores. A distribuição das sementes deverá ser feita pelo técnico agrícola responsável pela direção do projeto, porque ele é quem sabe da necessidade de cada um deles.
O técnico agrícola deverá controlar o plantio das hortaliças pelos horticultores para evitar que ocorra superprodução de uma espécie de hortaliça, porque quando ocorre abundância de um só produto, os preços caiem e é prejuízo para os horticultores.
Ele deve orientar os horticultores para plantarem pequenas quantidades de cada variedade para se ter todo dia as hortaliças para vender.
Eu montei os modelos de livros que serão distribuídos aos horticultores, e ao técnico agrícola. O livro do técnico agrícola ensina como fazer o controle de produção das hortaliças. Como a produção de hortaliças no projeto será orgânica, sem uso de produtos químicos e agrotóxicos, as pessoas irão ao local das para adquirir as hortaliças para o consumo de suas famílias, porque além de ser produtos orgânicos, serão também novinhos colhidos na hora. Não serão como os dos sacolões que são produtos que vêem de longe, por isso colhidos ainda verdes, e já chegam aqui velhos e não são produtos garantidos alem de serem produto muito mais caros do que os preços praticados pelos horticultores do projeto.
O técnico agrícola responsável pela manutenção do projeto, deverá calcular os preços das hortaliças para ser bom para os horticultores, mas também para os consumidores da cidade.
Um projeto desses para vingar e ser útil para a comunidade deverá ser montado com toda a riqueza de detalhes.
Esse projeto deverá ser executado com todo critério, porque ele deverá ser uma mola para impulsioná-los na vida, para alcançarem a tão sonhada independência financeira. Esse tipo de projeto deverá ter toda atenção dos responsáveis pelo projeto: “Secretaria de Agricultura Municipal”, para correr atrás de todos os benefícios oferecidos pelos governos: Federal e Estadual para beneficiar os horticultores.
Esse projeto tem por objetivo alcançar a filosofia do governo federal, que é uma melhor distribuição de renda no país.
Terá que evitar a qualquer preço cair naquela do jeitinho brasileiro de se fazer tudo da maneira mais fácil, menos trabalhosa. Nós hoje vivemos na era do avanço da tecnologia, não dá para fazer lambanças. Por isso todos os projetos tentados até agora fracassaram.
Esse deverá ser para dar bons frutos, resolver de vez o problema financeiro das famílias envolvidas transformando-as em horticultores de forma definitiva. Não é para brincar de horticultores.
Para isso teremos que correr atrás de tudo que poderá beneficiar aquelas famílias.
Eu estarei atento para cobrar dos responsáveis pela execução do projeto.
N.B.: Esse país só irá desenvolver socialmente a partir do memento em que todos se engajarem nesse processo de forma ética com muita responsabilidade social e espírito de cidadania.
* mendonça_josegraldo@yahoo.com.br
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